Às vezes o passado vem até nós de forma estranha, inesperada...
... durante um certo tempo (às vezes anos, outras vezes vidas inteiras!) vivemos como que adormecidos, mortos, longe do sentir... e pensamos que estamos vivos... mas essa vida não passa de uma ilusão de viver... afundados numa escuridão densa, polida, respiramos apenas, um ar sem vida, sem vida real! E pensamos que estamos vivos, pois moramos num corpo que nos acolhe vagamente, vemos os dias e as noites que passam... mas nada nos toca verdadeiramente! Nada! Um vazio... como se houvesse um vidro indelével a separa-nos do calor do sol, do toque revigorante do vento... do frio do Inverno... nada! Ilusão de viver! A verdadeira vida foi um sopro que se desvaneceu num qualquer momento... nesse ponto de viragem do passado... há muito muito tempo... um tempo imemorial
E nós sabemos que alguma coisa se passa, pressentimos, de longe que há algo que nos escapa... que a vida nos escapa como areia fina, corremos, buscamos, mas a beleza não tem aquela cor, o filme é a preto e branco. Choramos em segredo uma vida inteira, corremos ou ficamos simplesmente a olhar... passa o comboio e nós no cais... sempre à espera... que o nosso comboio chegue por fim... e nos leve... de volta para o sangue, as veias da vida!
... e um dia, de repente! Uma daquelas peças que andámos a juntar dá-nos um sinal, mexe-se, pisca-nos o olho... estende-nos a sua mão fria num convite, uma interrupção do tempo e do espaço... convida-nos a mergulhar na meia-noite profunda... um salto quântico que nos vai atirar para o abismo negro, onde um bicho de dentes arreganhados se prepara para nos devorar... a rir-se, a rir-se... mas... que escolhas temos? Se sempre esperámos por um sinal, um sonho, uma revelação???Não tenho medo de morrer agora, pois morta já eu estava antes! Nus despidos, sozinhos resta uma chama longínqua de fé coragem entrega
... aí vamos... a morte aguarda-nos, mas a revelação é a cura, o sinal de vida a sarar a sarar... a reconstruir os ossos, o sangue... a cor! Não há preço para esse renascimento... arrancamo-nos de dentro de nós mesmos desse canto sem nome... damo-nos à luz a luz da vida! E essa celebração transborda de dentro de nós para todo o mundo universo
... uma vida, muitas vidas, uma só caminhada
4 comentários:
Nao estou em casa este fim de semana e assim sendo nao tenho nem o meu computador, nem a tua morada e-mail. Aproveito-me deste espaco para te dizer como es especial!
especial é estarmos perto
ter a percepção que as possibilidades são mais vastas do que os limites apurados pelos 5 sentidos
Há muito tempo que não lia algo tão profundo e que me tocasse tanto. :)
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obrigada por partilhares também isso comigo
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